segunda-feira, 26 de maio de 2008

O Sismo e o Tibete



O sismo de Sichuan, violento e de consequências dramáticas para os milhares de chineses afectados, não deixou de ser aproveitado pelo governo chinês para centrar a atenção dos media no esforço para salvar vidas e no apoio aos sobreviventes. Ainda bem que a abertura ao mundo, dada pela organização dos Jogos Olímpicos e pelas agressões ao Tibete, permitiu que milhões de chineses fossem devidamente apoiados. Outros não tiveram a mesma sorte: mineiros, desalojados para a construção da maior barragem do mundo no rio Yangtsé e para a modernização de Pequim e de outras cidades por força dos Jogos Olímpicos.
E há o Tibete! Deixou de ser importante o diálogo com o Dalai Lama, deixou de ser importante discutir as políticas de Direitos Humanos de Pequim, quer no Tibete, quer noutras províncias do país, quer ainda os direitos dos cidadãos de origem rural quando deslocados nas grandes cidades.
É importante que “a árvore” não faça esquecer “ a floresta”.

Também é importante para nós pensarmos que o sismo deixou sem casa aproximadamente 5 milhões de pessoas – metade da população de Portugal!
Morreram ou desapareceram cerca de 90 000 pessoas e são aproximadamente 300 000 os feridos! Só na província de Sichuan. Quando se tem uma população superior a 1,3 milhares de milhões de habitantes e a apetência consumista é desejada e estimulada, compreende-se o interesse do ocidente no mercado chinês e as atitudes tomadas pelos governos de diferentes países quando se fala de Direitos Humanos na China.
Por mais que queiram mostrar-se solidários e interessados no bem-estar das pessoas, o governo chinês dificilmente engana. No entanto, o Dalai Lama, na sua infinita compaixão, ainda saúda “a transparência das autoridades”, acha que a China está a mudar e que é preciso ter esperança …
Não é essa a opinião dos movimentos de monges budistas que pretendem intervir socialmente e podem vir a dar novo sentido aos dois fundamentos essenciais da vida de Buda: sabedoria e compaixão, “as duas asas de uma ave, sem as quais não é possível voar”.

Nota: correu a notícia, acompanhada da fotografia seguinte, de que, militares chineses se vestiam de monges para provocar os distúrbios que a China pede ao Dalai Lama que contenha …

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