terça-feira, 1 de julho de 2008

SOBREVIVER NO ZIMBABUÉ

Neste canto do mundo onde vivemos, cheio de problemas, gente descontente, críticas sobre quase tudo, ansiamos por maior progresso, maior eficiência de todos os serviços, mais bem estar, maior poder económico …
Não sabemos o que é viver em guerra, com medo dos vizinhos que ontem eram amigos ,não sabemos o que é estarmos sujeitos a desastres naturais devastadores que em instantes levam vidas e bens. Mas não estamos satisfeitos, também é natural.

Injusto é haver gente que luta todos os dias para sobreviver e que diga “ como seria bom sobreviver sem levar porrada!” . Isto é dito por famílias do Zimbabué refugiadas na embaixada da África do Sul, em Harare. Mesmo assim acrescentam : “ todos temos esperança e acreditamos que o nosso país vai mudar”. Sobreviver a uma inflação de 165 000% , a uma taxa de desemprego de 80%, à denúncia, à vigilância de polícias sem farda, à censura dos meios de comunicação social, às perseguições e destruição de casas e bens, à tortura e a um presidente há 28 anos no poder – assassino, corrupto e preocupado apenas em garantir o poder para si e seus lacaios.
Esperança nas eleições que foram farsa depois da desistência de Tsavangirai .
Os seus apoiantes dividem-se em opiniões : traição à causa, falta de coragem para enfrentar o difícil caminho para a democracia, desejo de defender o povo de uma guerra civil anunciada, … Tsavangirai diz que dá a Mugabe uma “ vitória vazia” mas a verdade é que vai continuar a desgovernar, oprimir e sacrificar um país que nos primeiros anos depois da independência, em 1980, com o mesmo presidente, foi um modelo de desenvolvimento invejável para a África austral.
Esperança para que dentro do próprio partido de Mugabe ( ZANU-PF) haja quem tenha força para se opor e impor negociações com a oposição. Esperança para que a comunidade internacional e sobretudo a africana saiba marcar distância e esvaziar o poder de um governo fantoche.
Esperança numa acção directa, não vale a pena : o território não é estratégico, não há petróleo e o ouro também não é o que se sonhou.

Nota : a imagem foi publicada no “Courrier internacional” – nº 149 – Julho 2008

1 comentário:

Anónimo disse...

A Paz...depende do Ouro e do Petróleo... que,por sua vez,gera a cobiça de mtos,que conduz à morte,à fome...E ñ pára!!O que se passa no Zimbabué é arrepiante!Abraço.isa.