segunda-feira, 29 de março de 2010

Um Sonho Possível


Neste início de primavera, de sol envergonhado e ventinho agreste, estavam reunidas as condições para uma ida ao cinema, sábado, ao princípio da tarde. E, lá fui, com uma das manas.
Um sonho possível, este é o título, em português, atribuído ao filme de John Lee Hancock, The Blind Zone que coloca a modalidade do futebol americano em destaque. Este realizador em 2002, já se tinha feito notar com outro filme à volta do desporto, dessa vez, sobre um jogador de baseball.
Com este filme, Sandra Bullock, uma das principais figuras da trama, foi premiada com o Oscar de Melhor Actriz no último certame de Hollywood, um dos motivos para ter sido a nossa escolha. Da trama quase nada sabíamos, como eu gosto, para me deixar surpreender. Mas, como nem todos pensam da mesma maneira aqui vai um cherinho…
A história, baseada num caso verídico, gira à volta de uma família americana, simpática, generosa e divertida que, certo dia, se vê aumentada com a entrada em jogo de Michael Oher, um adolescente negro de tamanho XXXL, oriundo de um meio degradado, que sobrevive sozinho e que é encontrado na rua por Anne Tuoy, Sandra Bullock. Nesse momento, debaixo de chuva envergava apenas umas bermudas e uma camiseta mais uns sapatos muito usados. Aceita o convite e o que começou por ser um gesto de boa vontade vai dar origem a uma história de vida muito curiosa, quando é adoptado pela família de Anne.
A história desenrola-se numa alternância de cenas que nos comovem, nos fazem sorrir de ternura, nos soltam umas boas gargalhadas mas, acima de tudo, nos fazem reflectir na diferença que pode fazer, tantas vezes, uma pequena oportunidade para mudar uma vida. Faz-nos pensar que todos mereciam ser vistos e avaliados pelos seus pontos fortes e que esses sim, deveriam ser aperfeiçoados para que cada um pudesse dar o seu melhor contributo para uma sociedade mais justa e equilibrada. Por que razão havemos de ser todos bons no mesmo? Por que motivo se valorizam alguns aspectos, que se convencionou serem os perfeitos, os mais meritórios, em detrimento de tantos outros? Talvez, assim, se conseguisse combater tanta marginalidade e discriminação.
Outro aspecto curioso do filme é verificar que, enquanto o jovem Michael, que rejeita ser tratado por Big Michael, evolui e exterioriza uma grandeza de alma extraordinária, toda a família que o acolhe percorre um interessante caminho de autodescoberta e de crescimento que faltava onde sobravam os bens materiais e algum alheamento social.
Quanto ao desempenho de Sandra Bullock, gostei mas penso que o papel é de tal forma simpático e cativante que dificilmente uma actriz o desempenharia mal. Extraordinários achei o jovem Michael e o irmão mais novo que dão uma verdadeira lição de talento e naturalidade.
Saímos contentes e emocionadas. Quando se sai assim de uma sala de cinema e se consegue estar quase uma hora a discutir o filme e a problemática que ele suscita, então o filme cumpriu a sua função.
Se puderem, não deixem de o ver, numa sala de cinema ou no conforto do sofá, quando sair em vídeo.

1 comentário:

goiaba disse...

Obrigada pela partilha. Parece-me bem interessante só não digo que vou ver porque já sei como são as promessas que faço a mim mesma ...
bjinho