quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A Veneza Turística

Como todos os visitantes de Veneza, também eu me deixei, de novo, encantar com os aspectos que, habitualmente, nos são apresentados como os ícones da cidade.
A elegante e perfeita praça de S. Marcos que pude ver - misteriosa, por trás de um véu de neblina, fulgurante, sob um sol forte e quente, triste e nostálgica, no dia do violento temporal que abateu sobre a cidade, luminosa e soberba, à noite, barulhenta, quando apinhada de turistas, solitária e muito bela quando, de manhãzinha, a avistava do vaporetto.
Incontornável é não se estabelecer um paralelo entre o nosso Terreiro do Paço e a Praça de S. Marcos. Não temos a monumentalidade dos edifícios, não temos o Palácio dos Doges, não temos o fervilhar da vida económica nem a Basílica San Marco… Mas temos o rio Tejo e o abraço da praça ao rio, único e natural. E não conseguimos, até agora, dar o brilho e a vivência àquela nossa praça tão bonita! Comparo e…espero poder ainda ver a nossa gente e a nossa cidade viver o nosso rio. Cidade com rio é outra coisa! E não podemos continuar de costas voltadas para o Tejo.

Depois, outro símbolo da cidade de Veneza – as gôndolas, lindas embarcações, que cruzam incessantemente as águas da laguna e os canais mais estreitos, revelando aos turistas os segredos desta cidade lacustre. Curiosidade, encontrei uma gondoleira, num universo até há pouco, só masculino. Habitualmente, o gondoleiro usa calça preta, camisola às riscas, preta e branca ou vermelha e branca, chapelinho de palha com fita negra. De pé, maneja artisticamente o remo, entoando canções típicas italianas, desafiando os colegas que passam, divertindo quem cruza com eles e regista a cena numa foto para mais tarde recordar.

E as pontes, inúmeras, de todos os feitios e construídas com recurso a tantos materiais – pedra, madeira, ferro, aço, metais diversos. Sempre com escadas, obrigando o visitante a parar, a observar o correr das águas e os diferentes tipos de embarcações que as sulcam.

Foi assim, nessas paragens obrigatórias, que fui descobrindo os diferentes vaporetos, as barcaças de transporte de mercadorias, as da recolha do lixo, os táxis, as lanchas funerárias, as dos casamentos, as ambulâncias, as da emergência médica, as da vigília dos fogos, um dos flagelos mais temidos por toda a população. Esse receio fez de cada veneziano uma sentinela sempre alerta, sempre pronta a intervir, evitando um incêndio. Soube mesmo que o uso de fornos e aquecimentos a lenha está proibido na cidade e sujeitos a pesadas multas os prevaricadores. Vi lanchas particulares, grandes iates, transatlânticos e grandes navios de cruzeiro que abrandam o andamento frente a S. Marcos para darem oportunidade a que, de terra e do mar, se tirem fotos. É uma festa de flashes e palmas que são, sem dúvida, uma ameaça muito poluente para o ambiente natural da laguna.

Para além das fotos deixo o pequeno filme que encontrei no Youtube e que ilustra o tal percurso que todo o turista faz em Veneza. Depois, o que cada um descobre, o que cada um grava, o que cada um sente, depende também do que cada um busca numa cidade tão especial como Veneza!

2 comentários:

goiaba disse...

Mais um obrigada pela "viagem" : as fotos, o texto, o comentário.
E é bom sentir que pudeste ,desta vez, ser mais uma viajante do que uma turista.
bjinho

Anónimo disse...

Fotos lindas!
Gostei...do táxi!
Uma entrada em terra mais segura. :)
Como são lindas as pontes!
Depois senti-me transportada ao passado. A sensação de cidade antiga!
Beijo.
isa.